sábado, 29 de agosto de 2015

Tenha Medo da Lua Cheia

Tema a Lua Cheia

Estava caindo de bêbado,  não aguentava mais ficar em pé, então resolveu ir embora, já era bastante tarde, resolveu ir a pé para casa, a lua iluminava a estrada de chão, era uma noite quente de verão, então teve a impressão de que estava sendo seguido, deve ser efeito da cachaça ou do medo de estar andando sozinho aquela hora da madrugada,  de repente viu uma sombra negra passar como o vento ao seu lado,  "deve ser impressão, eu realmente bebi demais", então tentou firmar suas pernas,  mas antes de dar o próximo passo, sentiu uma pancada e caiu, sentiu um corte em suas costas, frio como o de uma navalha, e antes mesmo de poder levar sua mão ao  ferimento sentiu uma mordida em seu ombro, uma mordida forte, como se fosse mastigada, não teve força para se levantar, o animal que o atacou era pesado, não conseguia se mover e a lua iluminava seu sangue escorrendo pelo chão, "vou morrer", mas então ouviu um estrondo, o animal saiu de cima dele e então ouviu uma voz gritando por ajuda.
Acordou com uma leve dor de cabeça, estava em um quarto simples, aos poucos foi associando o que tinha acontecido e levou a mão ão ombro para conferir o ferimento, se assustou ao perceber que não havia nada, "será possível que nada aconteceu? Seria apenas um pesadelo?", então levantou-se e procurou um banheiro, estava enjoado, suas pernas estavam moles, não conseguia ficar em pé sem se segurar nas paredes, um homem apareceu de repente na porta do quarto e exclamou:
_Olha só quem acordou, deixou todos preocupados,  achamos que não ia acordar.
_desculpe não me lembro direito o que aconteceu ontem e...
_Ontem?_ soltou uma gargalhada_ você está dormindo a quase uma semana!
_Não é possível, eu voltava do bar ontem quando fui atacado por algum animal...
_A sim isso é verdade, aliás você teve sorte de termos encontrado você naquela estrada, é muito perigoso andar sozinho nessa época.
_Ele tinha mordido meu ombro, mas agora não vejo nem sinto nenhum ferimento...
_Você foi atacado por um louco, tinha muito sangue no chão, mas quando verificamos não tinha nenhum ferimento em você, quando atirados acertamos em cheio,  depois concluímos que sangue deveria ser do maníaco.
_Mas quem era esse que me atacou?
_Isso não sabemos, ninguém o conhecia e a polícia não tem registros.
Ficou paralisado por um momento, nada daquilo fazia sentido.
_Porque não estou em um hospital?
_ Nos o levamos para um,  mas não havia necessidade de ficar hospitalizado, nossa cidade é pequena e a preferência é para casos graves, então trouxe você para a casa dos meus pais.
_ Me desculpe, mas você não me conhece, por que me ajudou e tomou essa responsabilidade para você?
_ Digamos que você sofreu algo incomum e eu sou alguém que ajuda às pessoas, mas agora descanse um pouco, vou preparar algo para você comer.
Antes que pudesse rebater o homem lhe deu as costas. Ele sentou-se na cama tentando compreender o que estava acontecendo.
Os dias passaram ele estava melhor, mesmo assim foi impedido de deixar a casa, o homem que o ajudava não falava muito, apenas levava comida e verificava seu estado. Certo dia resolveu explorar ao redor da casa e percebeu que se tratava de um sítio, a casa não era muito grande, mas o quintal era extenso, com muitas árvores, tinha uma cerca de arame que marcava o fim do terreno e um poço perto da casa.
  O homem que o ajudava chegou perto sem que ele percebesse.
_Esse sítio era dos meus pais, quando eles se foram isso ficou abandonado, eu só vinha aqui as vezes, aí você apareceu e eu o trouxe para cá.
_ Eu realmente agradeço o que você tem feito por mim, mas gostaria de ir embora,  não posso ficar mais aqui, minha família deve estar preocupada..
_Talvez você não tenha entendido, você não vai embora daqui.
_ Só pode estar brincando,  você não pode me prender aqui!
_ Você não tem ideia do que atacou você naquele dia não é? Eu tinha a esperança de que você não tivesse sido mordido, mas cheguei tarde demais, deveria ter metido uma bala na sua cabeça, mas não tive coragem, de qualquer forma você está amaldiçoado!
_Meu Deus, você é louco, o que poderia ter acontecido a ponto de você ter que me matar?
_Um lobisomem atacou você.
_ Você só pode estar louco, lobisomens não existem, eu vou embora daqui!
_ Você tem razão, eu não posso te prender aqui, mas a lua está se aproximando e você vai se transformar, então eu não hesitarei em meter uma bala em você.
Mais do que depressa saiu daquele lugar, foi em direção da cidade, não sabia direito onde estava, mas logo se situou e achou o rumo de casa. Ao chegar em casa ainda não acreditava no que aquele homem falava, não sabia direito quem estava louco.
Durante a noite não conseguia dormir, a luz do dia o incomodava, então ficava dentro de casa o tempo todo,  olhou no calendário e a lua cheia se aproximava, mas não acreditava nessas coisas, isso era só lenda.
A primeira lua cheia chegou, mesmo se negando a acreditar, sentiu-se diferente, parecia mais disposto, mais forte, no início da noite começou a sentir-se com calor, mas não estava tão quente assim, então foi tomar um banho, a água do chuveiro não estava funcionando, seu corpo estava mais quente era como uma febre, mas ainda se sentia bem, pouco a pouco a temperatura foi aumentando a ponto de ter a impressão que saia fumaça do seu corpo, não era impressão realmente saia fumaça do seu corpo, como isso poderia estar acontecendo? Tentou chegar na porta mas caiu no chão e não conseguiu se levantar, num ato desesperado tentou arrancar sua pele, para sua surpresa e desespero sua pele saiu como a de um pedaço de frango cozido,  estava queimando vivo, descarnando,  sentiu seus ossos doendo como se estivessem sendo quebrados,  sua face estava desfigurada,  sentiu seus dentes rasgar sua gengiva,  quando olhou suas mãos viu que elas pareciam patas de um animal,  com unhas grandes que rasgaram as pontas dos seus dedos, acabara de passar por um processo de transformação doloroso, via tudo ao seu redor, mas não controlava sua consciência, então saiu na noite,  correu mais rápido do que nunca, sentia fome como nunca sentiu antes, precisava caçar algo,  sentia sede de sangue, precisava saciar seus desejos.

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